A partir do uso de máscaras para proteger conta o novo coronavírus, surgem a dúvida se elas realmente podem causar a orelha de abano em pacientes. Entenda a explicação dos especialista sobre o assunto
Por Cinthia Jardim, filha de Luzinete e Marco
Mesmo com o número de casos de Covid-19 diminuindo, continuar seguindo os protocolos de segurança é indispensável, principalmente o uso de máscaras. Mas, muita gente acredita que a medida pode causar as famosas orelhas de abano até mesmo durante a fase adulta.
Segundo o cirurgião plástico e membro titular da Sociedade Brasileita de Cirurgia Plástica (SBCP), Dr. Mário Farinazzo, isso é mito. “As máscaras podem causar certa tração das orelhas, tornando-as mais aparentes e, consequentemente, mais parecidas com as famosas orelhas de abano, termo popularmente usado para descrever orelhas que são muito afastadas do crânio. No entanto, esse efeito não é permanente, sendo resolvido quando a máscara é retirada. As verdadeiras orelhas de abano são uma anormalidade congênita, ou seja, estão presentes desde o nascimento e são causadas pela genética, não possuindo influência de fatores externos, como a utilização de máscaras”, explica.
Mas apesar do incômodo no uso de máscaras, é possível optar por materiais que causem menos impacto nas orelhas. Vale lembrar que deixar de usá-las não é uma opção. “Existem, por exemplo, modelos de máscaras que contam com apenas um elástico para ser preso ao redor da cabeça, assim não tracionando as orelhas. Os extensores de máscara também são interessantes, já que mantêm o equipamento no lugar sem que os elásticos entrem em contato com as orelhas”, recomenda o médico. “A vantagem dessas alternativas é que, além de não tracionarem as orelhas, também diminuem o atrito e a pressão constante causados pelo elástico na pele, que podem levar ao surgimento de ressecamento, vermelhidão e ferimentos na parte de trás das orelhas”.
Como o bullying afeta a autoestima por causa da orelha de abano
Na infância, a orelha de abano motivou em 2015 cerca de 48.256 otoplastias devido o bullying entre crianças e adolescentes, de acordo com um estudo feito pela SBCP, realizado com 2.300 médicos do Congresso Brasileiro de Cirurgia Plástica, em Belo Horizonte (MG).
“O bullying contra orelha de abano é a principal razão de cirurgias plásticas em crianças e um problema muito recorrente em adolescentes também”, afirma o médico Luciano Chaves, ex-presidente nacional da SBCP em nota.
Segundo ele, em muitos casos, o jovem paciente tem o desejo de operar a orelha saliente, mas sente vergonha de procurar um médico ou, até mesmo, de comentar que sofre bullying com os pais.
“Esse constrangimento faz com que muitos pacientes acabem sofrendo bullying desnecessariamente. Pode gerar um déficit no desenvolvimento social e até prejudicar o desempenho escolar”, comenta o Dr. Luis Henrique Ishida, ex-presidente regional da SBCP, em São Paulo.
Como corrigir a orelha de abano?
Quem naturalmente já sofre com o desconforto estético, que geralmente pode ser acentuado devido ao uso da máscara, pode corrigir o problema a partir da otoplastia. “Podendo ser feita a partir dos seis anos de idade, quando o crescimento do pavilhão auditivo está completo, a otoplastia, ou cirurgia reparadora de orelhas, é indicada para corrigir o espaço entre as orelhas e o crânio, conferindo uma aparência mais natural e harmoniosa”, comenta Mário Farinazzo.
A cirurgia, considerada simples, é feita a partir da anestesia local ou sedação em uma incisão por trás da orelha, acompanhando a dobra natural da pele. “A partir da incisão, o cirurgião remove o excesso de pele e molda a cartilagem. Em seguida, são feitos pontos de fixação para sustentar a nova anatomia da orelha e suturar a pele”, explica o médico.
Quanto tempo dura a cirurgia de orelha de abano?
Com aproximadamente uma hora, o procedimento possui um baixo risco e a cicatriz é quase imperceptível, segundo o especialista. Vale lembrar ainda que não é necessário internação e o paciente pode voltar para a casa no mesmo dia. “Após o procedimento, o surgimento de inchaço é comum, mas tende a sumir até o fim das primeiras três semanas. O paciente também pode sentir um leve incômodo, que, caso se torne debilitante, pode ser resolvido com analgésicos”.